sábado, 12 de novembro de 2011

Revolução Informacional: E-books

          
            Há algum tempo começamos a conviver com a possibilidade do fim do livro, com o surgimento dos famosos e-books. Muitas especulações são feitas sobre o sucesso e a eficácia desta nova tecnologia. Como qualquer assunto polêmico, que envolve questões abrangentes a todos, muitas opiniões surgem, a favor ou contra. Questões como a possibilidade de acesso a livros em todo lugar, de carregar milhares deles sem tanto peso, além de um preço bem mais acessível. Porém, olhando pelo outro lado, encontramos o fator biblioteca, que nasceu para organizar, armazenar e disponibilizar tal material a população. Muitos se questionam o que acontecerá com ela se, como vem sendo constatado, os e-books­ realmente virem a substituir os livros em papel. E para nós, futuros e atuais bibliotecários, tal questão tem peso ainda maior.
            O papiro, considerado um papel primitivo,

 atravessou séculos, levando a cultura do Egito a outros povos e oferecendo ao homem a oportunidade de realizar o seu maior desejo: a comunicação e o diálogo. Permitiu não só a preservação da memória cultural, mas serviu de testemunho da história dos materiais usados pelo homem. (BENÍCIO E SILVA, 2005, p.2)

            Posteriormente, foi substituído pelo códex de pergaminho, feito de peles de alguns animais, gerando uma grande mudança. Não apenas no suporte mais barato, mas também pela forma como era apresentado, no formato atual do livros que conhecemos. E assim, o desenvolvimento do papel e da imprensa, resultaram na revolução e na instalação deste material como grande disseminador da informação. “No entanto, o avanço da tecnologia apresentaria uma nova forma de registrar a informação, gerando polêmicas e mudanças quanto ao seu acesso e uso, não só na forma impressa como também na digital.” (BENÍCIO E SILVA, 2005, p. 2, 3)
            O surgimento e grande crescimento da Internet, a partir das décadas de 1980 e 1990, transformou nossa visão e conhecimento sobre disseminação da informação. Trouxe a possibilidade de comunicação sem fronteiras, de forma clara e eficiente. Pessoas podem se comunicar em questão de segundos, o mundo passa a ser ligado por esta rede, a qual engloba e envolve tudo que a cerca. Com a informação não poderia ser diferente. Vivemos ligados ao computador, à Internet e à sua forma de organização, armazenamento e disponibilização de material. Podemos compará-la, deste modo, à biblioteca, considerando como suas funções e missões se assemelham.
            Neste contexto, com o crescimento das tecnologias, surgem os Eletronic Books, ou, como são mais conhecidos, e-books. Segundo Umberto Eco (2003), ele pode ser útil para quem precisar carregar muitos livros, mas nunca substituirá os que lemos na cama, antes de dormir. Grandes empresas, como a Sony e a Amazon, e pesquisadores vem aprimorando o material, que ainda não alcançou seu objetivo, sendo capaz de substituir o livro em papel. Segundo Versignassi (2010), estamos a um passo do livro eletrônico ideal, precisamos apenas juntar os que já foram lançados, utilizando suas qualidades, os pontos positivos. O que muitas empresas já estão fazendo.
            Outra questão, trazida por Eco, que também está revolucionando a disseminação da informação e envolve editoras, gráficas, entre tantos outros profissionais que trabalham nesta área,

[...] é a impressão por encomenda: após vasculhar os catálogos de várias bibliotecas ou editoras, um leitor pode selecionar o livro desejado, o operador apertará um botão e a máquina imprimirá e encadernará um único exemplar usando a fonte que o leitor desejar. Sem dúvida, isso vai modificar todo o mercado editorial. Provavelmente, eliminará as livrarias, mas não os livros, e não eliminará as bibliotecas, o único local onde os livros podem ser encontrados para que o leitor os examine e os reimprima. (ECO, 2003, p. 8)

            Para os bibliotecários, a informática simbolizou grande avanço, eliminando as fichas e catálogos em papel, facilitando e deixando mais eficiente seu trabalho. Da mesma forma, a Internet, que possibilitou a comunicação entre estes profissionais, a troca de informações entre bibliotecas e o acesso de seus usuários ao catálogo, facilitando também, os serviços prestados, empréstimo, consulta, entre outros.
            Considerado todos os fatos, a profissão do bibliotecário parece estar ameaçada, assim como seu maior instrumento de trabalho. Entretanto,

Guiar os usuários na internet, filtrar e organizar a informação para eles, criar e administrar um site, buscar 49 documentos em bases de dados especializadas, estas são as tarefas que a partir de então incumbem a muitos bibliotecários. (LEBERT, 2009, p. 49, 50, tradução nossa)

            A tendência apresentada, se bem avaliarmos, não é o fim da profissão, afinal, principalmente com o desenvolvimento da Internet e da Web 2.0, existe muita informação de fácil acesso, mas encontrar a mais adequada, de forma eficiente e no momento oportuno, continuam sendo atribuições do bibliotecário. Independente do suporte com que trabalha. Modificam-se o suporte, o contato com o usuário, o peso e o transporte da informação, porém, a dificuldade de encontrar a melhor informação e mantê-la organizada persiste, sendo ainda uma atribuição do bibliotecário lidar com tudo isto.

Deste modo, não visualizo o fim das bibliotecas, dos livros ou do bibliotecário, como muitos insistem em afirmar. Visualizo uma transformação, a qual ocorre atualmente em todas as áreas. Nós, profissionais da informação, não somos os únicos a conviver com esta mudança. Eco, conclui sua explanação dizendo “Vida longa a este templo da memória vegetal”, e eu não consigo deixar de concordar.



Referências

ECO, Umberto. Muito além da internet. Folha de São Paulo, São Paulo, 14 dez. 2003. Caderno Mais, p. 4-11.


VERSIGNASSI, Alexandre. O fim do livro de papel. Super Interessante, online, n. 276. Março 2010. Disponível em: <http://super.abril.com.br/tecnologia/fim-livro-papel-543161.shtml>. Acesso em: 12 nov. 2011.


LEBERT, Marie. 1999: Los bibliotecarios se convierten em cibertecarios. In: ______. Uma corta historia del ebook. Toronto: Ed. Universidade de Toronto, 2009. cap. 9. Disponível em: <http://www.gutenberg.org/files/29803/29803-pdf.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2011.


BENÍCIO, Christine Dantas; SILVA, Alzira Karla Araújo da. Do livro impresso ao e-book: o paradigma do suporte na Biblioteca Eletrônica. Biblionline, [João Pessoa], v. 1, n. 2, 2005. Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/biblio/article/viewFile/578/416>. Acesso em: 12 nov. 2011.

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